Conforme indicou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o Brasil exportou em 2021 40,4 milhões de sacas. O número representa queda de 9,7% em volume, mas avanço de 10,3% em receita cambial - com US$ 6,242 bilhões. O setor considera o número positivo diante dos impasses logísticos enfrentados e pelo ciclo baixo de produção na safra 21. Além do desempenho para os tradicionais compradores do café brasileiro, os números do Cecafé chamam atenção pelo avanço da China e na compra de países também produtores de café.
O analista de mercado Guilherme Morya, do Rabobank, relembra as dificuldades enfrentadas pelo setor no ano passado, mas destaca a eficiência do Brasil em atender a demanda. "O relatório é surpreendentemente positivo. Se comparar com 2020 é bem abaixo, mas com o atual circunstância mostra o esforço muito grande do Brasil, com estratégia inteligente para passar por um problema que hoje é uma preocupação global", comenta.
Além disso, o analista destaca que o consumo de café continua crescendo, apesar das dificuldades também impostas pela pandemia nos últimos anos. "Nós temos reporte do aumento de consumo, os estoques caindo. Todos os esforços que torrefadores, exportadores e puderem fazer para ter esse café em mãos, acredito que seguirão sendo feitos", acrescenta.
O presidente do Cecafé, Nicolas Ruedas, destacou em coletiva realizada à imprensa que é importante ressaltar que a maior fatia de consumo de café hoje tem sido nos países produtores de café, e que por isso também é importante que o Brasil continue mantendo boas parcerias com outras origens produtoras, como por exemplo, a Colômbia, que mais uma vez chamou atenção com a importação de café do Brasil.
O relatório do Cecafé trouxe que a Colômbia, segundo maior produtor de café tipo arábica do mundo, foi o sétimo principal destino das exportações brasileiras em 2021. O país vizinho adquiriu 1,158 milhão de sacas, apresentando o maior crescimento em volume no intervalo, de 289.561 sacas, o que equivaleu a uma alta percentual de 33,4 pontos.
"Algo curioso é que no ano calendário, o volume comprado pela Colômbia chama atenção para a demanda doméstica por lá. Importou bastante do Brasil, mas manteve a exportação firme, isso também deve ditar o ritmo do que deve acontecer nos próximos meses", acrescenta.
Vale lembrar que, segundo dados da Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC), a safra 21 do país vizinho foi de 14 milhões de sacas de 60 kg, com receita cambial de aproximadamente US$ 2 bilhões. Para 2022, a expectativa é de produção de 13,5 milhões de sacas. Deste montante, pelo menos 12,5 milhões de sacas devem ser exportadas.
Ainda com relação aos embarques para outras origens produtoras, Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, chamou atenção para o fato de que entre os cinco maiores produtores de café do mundo, o Brasil só não exporta para Etiopia. "O Brasil vem ampliando o mercado nesse segmento que vem expandindo o consumo, o que cria também novas oportunidades de negócios para o Brasil", acrescenta.
Para o analista de mercado Eduardo Carvalhaes, o mercado continua com muitas variáveis e os fundamentos continuam indicando preços firmes para o café, sobretudo pelas condições climáticas que afeta não só o Brasil, mas todas as origens produtoras de café. "Essa compra significa que as safras não são grandes o suficiente. Não sei qual a qualidade que eles estão comprando, mas se estão comprando é que não têm café suficiente", comenta.
Para Carvalhaes, o mercado de café continuará sendo marcado por informações diárias, sobretudo com o acompanhamento climático no Brasil e no exterior. "Dessa vez os problemas climáticos que estamos tendo são mundiais, antes o Brasil tinha, mas a Colômbia não tinha e supria o que o Brasil não podia suprir, agora só o fato de estarem importante café do Brasil mostra essa realidade", comenta.
Em termos de volume, a China foi o segundo maior destaque nas compras de 2021, ficando atrás apenas da Colômbia. Segundo o Cecafé, houve um incremento de 65% na comparação com 2020, com incremento de 132.003 sacas. Até 2021, a China ocupava a 36ª posição no ranking, passando para 24ª posição em 2021. Nos 12 meses do ano passado, os chineses adquiriram 333.648 sacas do produto nacional.
"É um mercado muito grande, notamos claramente que vem se desenvolvendo e que também abre para o Brasil grandes oportunidades, mas é preciso fazer um trabalho contínuo de promoção do café, aproveitando a demanda pelo café brasileiro", afirma Heron. O ano começou, inclusive, com uma série de ações para promover o café brasileiro da China durante o mês de janeiro, trabalho que vem sendo realizado pelo Cecafé em parceria com a Embaixada do Brasil na China, tendo como parceira local a rede de cafeterias Mellower Coffee, com 80 lojas distribuídas por Xangai e Pequim.
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